terça-feira, 8 de março de 2016

O tiro no espelho

Eles moram numa casa de um bairro classe social alta de uma bela cidade do interior do Estado mais rico da nação. Lourenço é um diretor executivo de uma grande empresa nacional. Viaja por todo o país várias vezes por ano. Na cidade domicílio passa praticamente os fins de semana com a esposa que havia casado há pouco tempo. Dulce uma mulher culta de gosto refinado, arquiteta de interiores, adora detalhes de móveis e mobília de raros requintes. Quando chega sexta-feira depois de uma semana de muitas negociações no trabalho, Lourenço chega feliz, e com ele uma caminhonete que para em frente à bela casa. Da caminhonete desce três homens, com alguma dificuldade retiram um belo espelho emoldurado com madeira de lei bem talhada. - Dulce, o espelho que você pediu. - Nossa... Quando lhe pedi um espelho de presente, nunca imaginei que fosse recebê-lo tão depressa. - O seu pedido é uma ordem. - Lourenço, como eu te amo – disse Dulce Como todo casal recém casado de classe favorecida ,enquanto os filhos não chegam, muitas reuniões festivas se assomam nos finais de semana. Os sábados de festas passam a ser costumeiros para o casal. Um rodizio de festas é realizado em cada casa de amigo. Numa das festas realizadas na casa de Lourenço e Dulce, uma noite de réveillon, Lourenço vai ao banheiro, quando saiu vê Dulce e Eduardo em prosa em imagem refletida no espelho. Ela mostra a mobília e enaltece os detalhes dos móveis de sua casa, tudo refletido no espelho. Eduardo ao ver a cena lembra que Dulce foi namorada de Eduardo no tempo do colegial. Ao voltar para á sala, Lourenço estranhou o tempo que ambos demoraram em chegar à mesa. Em instantes todos seguem para a rua, quando Dulce volta a ficar ao lado de Eduardo. A municipalidade oferece a queima de fogos de artificio para comemorar a passagem de ano. Lá fora, a rua mal iluminada, Lourenço parece ter quatro olhos, dois olhando para os fogos, os outros dois olhando por cima dos óculos para Eduardo. Quando voltaram para a festiva mesa, Lourenço procura sentar-se com Dulce bem distante de Eduardo. "Esse cara não desconfia que está na minha própria casa"- pensa. Mantem o olhar de soslaio para Eduardo, este sente-se um rubor cobrir-lhe o face. " Acho que Lourenço não gostou de me ver conversado com Dulce" - pensou. E aquela imagem do espelho passou a perseguir Lourenço por onde fosse. Todas as vezes que Lourenço começa a beber Whisky nas reuniões com amigos após o trabalho, fosse num restaurante, fosse em casa de amigos, se tiver um espelho no ambiente em destaque, à medida que o álcool lhe sobe à cabeça, ele se perturba, sente-se que algo lhe toma a paz interior. Os amigos em redor notam algo de diferente em Lourenço. Ele faz de tudo para esconder a perturbação, ajeita excessivamente a cadeira, realiza inúmeros movimentos inúteis. -Preciso me ir - disse Lourenço. - Ainda é cedo - respondeu Teodoro. - Sinto que alguma coisa não está bem em casa. - Isso é apenas impressão sua, desligue dos problemas - comentou Teodoro Chega a casa afoito e vai até à sala onde está o espelho, nada vê de estranho. Volta a sentir-se equilibrado. Dulce estranha o marido. - Nossa... Você entra em casa, é como se tivesse passado o dia comigo, só depois é que vem puxar proza. - Não é nada. São coisas da vida. Esses sintomas ocorrem depois de Lourenço ingerir whisky. Chega em casa afoito e corre para olhar o espelho. Por algumas vezes vê Eduardo passar em frente à sua casa. Isso passa a incomodá-lo. Sem que a esposa soubesse compra um revolver. Na véspera do último dia do ano, a empresa que trabalha reúne os funcionários num belo restaurante recém-inaugurado, na cidade. O restaurante é dividido em duas alas, sendo esses separados por um belo espelho. Após tomar várias doses de whisky segue até o banheiro e, vê pelo espelho Eduardo sair pela outra ala. Ele veste um terno que lhe dá um aspecto garboso. Quando voltou para a mesa dos amigos, vê Eduardo sair do restaurante. De ora para outra passa a ter um olhar distante... Em instantes sai da mesa sem se despedir. Os cristais de seus óculos parecem embaçados, ele segue com o seu carro, com o relógio quase a bater meia noite, a lua em concha e as fracas lâmpadas dos postes deixam à rua numa semi escuridão. Enquanto dirigia vinha-lhe a imagem de Dulce e Eduardo em frente ao espelho. Chega à casa com a imagem na cabeça, ou seja, dos dois em frente ao espelho. Deixa o carro na garagem, nem se atinou em trancá-lo, antes de chegar à sala do espelho, tira o revólver que está em seu corpo por debaixo do paletó numa polchete de coldre presa à barriga. Com o revólver em punho diminui o ritmo das passadas. Para. O ambiente silencia. Da mais uns passos e ao chegar à sala a luz do quintal projeta á penumbra de tudo que está lá fora, as figuras projetas no espelho lembram duas pessoas em carícias. Lourenço não titubeou alvejou um tiro certeiro e estilhaçando o espelho. Em instantes, Dulce de penhoar surge na sala e pergunta - Lourenço, você ficou louco? Mais uma empresa de porte deixa Ituverava (Foto aerea de Ituverava No ano passado o Brasil teve 100.000( cem mil ) lojas fechadas ( representa 13,5% do total do Brasil), por conta da crise econômica que se instalou no p

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