segunda-feira, 5 de novembro de 2012


    Gama Terra terá pela frente o desafio de gerenciar pessoas e interesses particulares.



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                Lembro-me que em meados de 2002 ao chegar ao bar do Lima onde hoje é a Fornalha, Gama Terra “Sossego”estava reunido com amigos e todos  homens bem sucedidos da sociedade. O assunto era a sua possível candidatura a prefeito na eleição de 2004.
                Em seguida pintou mais de 200 muros da cidade com a propaganda de sua empresa: “Gama Terra Empreendimento e Participações”. O intuito era tornar-se já conhecido através de sua empresa.
                 Mais um passo foi dado. Ele encomendou uma pesquisa para saber do retorno da propaganda. Eu mesmo fui entrevistado próximo à antiga padaria do Abud. O resultado não foi divulgado por ter um caráter sigiloso.
                 E todas às  vezes que tive uma oportunidade de conversar sobre o assunto, isto até 2003, porque de lá para cá nunca mais conversei com o prefeito eleito, sempre me dizia que se fosse algum dia eleito,  ele traria para a prefeitura de Ituverava um verdadeiro profissional de fora para ocupar o cargo mais importante. Numa prefeitura qual seria o cargo mais importante? O chefe de gabinete? O Secretário de Finanças? Lembro que ele completou o seu pensamento. “Mesmo que seja à revelia de muitos”.
                 Eis o desafio. Sossego teve ao seu lado 11( onze) partidos e 85 candidatos. Todo esse conjunto de 85% dos postulantes ao cargo de vereadores e 92% dos partidos, uma ampla e esmagadora maioria ao seu lado não foi tramado e nem construído por ele. Quando ele anunciou a sua candidatura essa rede de partidos e candidatos já havia sido esboçado um ano antes.
                 Era sabido de todos os interessados pela política que as pesquisas de intenções de votos a prefeito divulgadas no meio político davam uma esmagadora maioria para Lúcio Adalberto. Em caso de uma eleição de muitos  candidatos o possível resultado do pleito de 2012 estaria garantido para o ex-prefeito.
                Ainda nem se cogitava a candidatura de Sossego, os líderes dos partidos tramaram e executaram o primeiro plano. Esvaziaram o PSDB. O objetivo era esvaziar o PSDB de Lúcio Adalberto. Taís, Alfredinho e outros filiados “bons de votos” foram para outros partidos principalmente o PTB. Para se ter uma idéia, a soma de votos dos vereadores eleitos como Taís, Alfredinho e o Dr. Antônio Sérgio que estiveram filiados e coligados ao PSDB em 2004, obtiveram quase 2000 votos este ano, o suficiente para mudar os rumos dos resultados da eleição deste ano. Vejam a importância dessas articulações consumadas há mais de um ano. Por isso é louvável o pensamento de que eleição é construída com articulações.
                O objetivo inicial era lançar Busa para prefeito. Propalava-se que era a idéia de Matsubara. Esse ideal orbitou no meio político por muito tempo; Lúcio incomadava, também Alcidão era outro forte nome para a disputa. Lúcio e Alcidão tentaram formar uma frente de candidaturas, foi aí que os revezes começaram. Alcidão parceiro do Lúcio contra o “outro lado” com quase uma centena de candidatos a vereadores, mas ninguém com a popularidade de Lúcio e Alcidão juntos.
                Num toque de mágica, Alcidão sem ter as ações do partido em seu comando, viu o seu tapete puxado de uma hora para outra, ficou sem condições de se lançar ao cargo máximo. Lúcio corria por fora como candidato. Ficou aquele zum... zum... de que poderia ser ou não candidato. O cartório eleitoral informava aos interessados de que não havia nada contra o ex-prefeito. Lançada a candidatura surge um antigo processo, o único não resolvido, tem a candidatura impugnada. Poderia reverter o caso, mas poderia prejudicar o PSDB no futuro. Desiste de vez...
                 Nesse ínterim já havia ocorrido quase um ano dessa discussão. Um bloco de políticos que aglutinaram 90% dos partidos contra o PSDB, mas sem nome para concorrer com os tucanos. Surge na última semana o nome de Gama Terra “Sossego”. Em cena, Sossego desponta no intermeio da impugnação de Lúcio, ainda sem o nome Adriana. Um possível sonho de ver Alcidão e Lúcio fora materializado; porém a figura de Adriana surge como salvação dos tucanos.  
                 Eis o que o prefeito eleito encontra: um cenário pronto, esboçado, pintado e moldado não por ele, mas por líderes políticos de todos os onze partidos contrários ao continuísmo do PSDB.
                 Sossego se apresentou aos eleitores através de um panfleto, como um homem dotado de uma riqueza sólida. Tem como testemunha uma cidade inteira que a sua campanha foi dotada de recursos financeiros consideráveis. 
                  Mesmo que seja o único a canalizar a ampla maioria de  recursos para a campanha. Não poderá desconsiderar os onze lideres partidários e importantes candidatos alavancadores de votos que orbitraram ao seu lado.
                  Sossego entrou com os recursos financeiros, mas encontrou um campo limpo, de um adversário com um só partido (PSDB) e de um palanque formado por apenas 12 candidatos.
                   Se o prefeito-empresário levar o projeto que confessou objetivar há dez anos, de contratar um profissional de fora para o cargo mais importante já estará contrariando a muitos. Afinal, as articulações projetaram uma eleição de candidato único; pois com onze partidos unidos para a eleição deste ano, foram grandes as chances de ter ocorrido essa intenção. Pois, Alcidão e Lúcio foram impedidos de se candidatarem, e por essa via muitos cantaram essa possibidade. Quase Gama Terra ganhou a prefeitura de presente. A candidatura de Adriana foi a única alternativa. Se não fosse ela candidata, não teríamos outro. Foi uma candidatura de coragem, candidatura de teve no máximo 30 amigos que colaboraram no que foi necessário e possível.
                   É preciso enaltecer a coragem de Adriana. Ela entrou numa briga de um contra 100. E foram necessários até o último dia para derrotá-la. Foram setenta dias de uma campanha de muitos gastos como ficou notório e público. Pelo site do Tribunal Regional Eleitoral verificou-se que entre julho e agosto foram oito pesquisas registradas por parte dos aliados do candidato 22, fora as duas últimas que saíram publicadas num jornal do município. Cada pesquisa custa média R$ 10 mil. Foram R$ 100 mil gastos só com pesquisas, e se Gama Terra estivesse á frente desde o início, seria publicada num dos jornais, porque havia interesse para tal.    
                   As pesquisas, no entanto, tornaram o grande aliado do candidato 22. As pesquisas de metodologia científica exploram os dados pessoais do entrevistado como salário, religião, grau de escolaridade, engloba até mesmo o nome, endereço e telefone. Esses dados permitiram a cúpula partidária formar um verdadeiro banco de dados, onde foi possível obter informações importantes de milhares de residências. Cada pesquisa envolve 400 ou mais entrevistados, dez pesquisas somam mais de 4000 residências numa cidade de treze mil casas. Essas informações foram importantes para os últimos dias de campanha. Em verdade, foram decisivas.   
                   E toda essa movimentação levou a vitória de Gama Terra, e o desafio maior não será administrar Ituverava e fazer obras necessárias, creio que ele o fará porque é empresário, tocador de obras e de negócios. .
                    O maior desafio de sua administração, ao meu ver, é atender a todos que ajudaram em sua campanha. E olhe que é muita gente! É gente que começou  a trabalhar há mais de um ano. São os lobistas que puxaram os candidatos do PSDB, a turma que ajudou a desarticular o Alcidão, a turma que ajudou a tornar a candidatura de Lúcio Adalberto impugnada, a turma dos amigos próximos, a turma dos articuladores, a turma que deu o “sangue” na campanha, a turma que cedeu as casas para os “pés de toco”, a turma dos lideres partidários, a turma dos médicos que saíram nas fotos da campanha. A turma dos empresários e profissionais liberais que orbitraram na campanha.  È muito time para atender...
                    A cada pessoa não atendida é uma insatisfação. É uma revolta. È lembrar que o prefeito eleito chegou para a campanha com o campo aberto. É lembrar que com pessoas não há especulação, e sim cobrança. São muitas famílias que orbitraram ao seu redor em troca de emprego, principalmente emprego. Até mesmo médicos que posaram em foto ao lado do Sossego, porque tem filhos que precisam de emprego. Tudo vai girar em torno do emprego e cargos.
                   Mas, boa sorte Sossego.