domingo, 10 de outubro de 2010

Ricardo Dias entrega maquete da Igreja Nossa Senhora Aparecida


Ricardo Dias, estudante de Letras da FFCL da Fundação Educacional de Ituverava (FEI) que ficou conhecido por fazer maquetes de obras importantes, principalmente de um circo canadense de fama internacional, agora promoveu outra arte que será utilizada pela Igreja Católica de Ituverava. É a maquete da Igreja que será erguida no Alto da Estação, a de Nossa Senhora Aparecida. Ele também prepara uma nova maquete; a da rede Record de Televisão de Ribeirão Preto.

Painel: Como será a nova igreja?

Ricardo: A nova igreja possui 3 portas de entrada ao público e 60 janelas, na qual foram criadas com CDs. Já a torre que fica ao lado da igreja, possui 1 porta e 108 janelas.
Na pequena e antiga igreja, foram criadas 5 portas de acesso e 19 janelas, na qual foi utilizado EVA preto para sua criação.
No salão, foram criadas 2 portas e outras 24 janelas.

Painel: E a parte externa da igreja?


Ricardo:A maquete também possui uma bela humanização, onde foram criadas 16 árvores e 22 postes com luzes e fios. Para a representação dos fios dos postes, foi utilizado em torno de 10 metros de cordonel.
Já o estacionamento da maquete, foi criado com capacidade para 75 veículos, com outros 16 postes de praça em seu meio.

Painel: E a escala da maquete?

Ricardo : A maquete foi construída na escala 1/125 e possui um tamanho total de 0,88cm² (1,11cm X 0,80cm), e levou 156 dias para ser construída.

Painel: Qual o valor que você cobrou?

Ricardo: Apesar de ser avaliada em R$31.200,00 (trinta e um mil e duzentos reais), a maquete foi doada à igreja católica.
_______________________________________________________________ Painel: Você se inspirou em qual igreja para construir a maquete?

Ricardo: O projeto foi criado baseando-se na grande Igreja de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo.
Em Ituverava, a igreja está prevista para começar a ser construída até o final de 2010, e não se sabe ainda data de inauguração.
O Santuário deve ser construído no alto da Estação, próximo ao monumento do Cristo Redentor de Ituverava, juntamente a outra igreja.

Painel: Para que você tem outros projetos em desenvolvimento?

Ricardo: Após eu dar entrevista a Rede Record no começo deste ano, a rede de televisão se interessou em meu trabalho e solicitou uma maquete para a sua nova sede que está sendo construída em Ribeirão Preto.

A maquete da nova sede da TV Record já está em construção e quase pronta.

Provavelmente será entregue entre final de setembro ou dezembro deste ano em Ribeirão Preto, tudo dependendo da data de abertura da nova emissora de jornalismo.


Um terremoto em Ituverava



Em 1896, a Vila do Carmo da Franca principiava crescer.

A iluminação pública já se fazia necessária, num lugarejo em que a cultura do café ostentava a opulência para os coronéis. Os dividendos eram empregados em suntuosas mansões da época, edificadas entre o Largo do Rosário e do novíssimo jardim, que ensaiavam o início de sua formação, que deram origem a Praça X de Março.

A cidade contava até com um bordel, que ficava um pouco abaixo da Praça Rui Barbosa. Esta nem existia na época, muito menos o projeto. Mas sempre havia um coronel de dotes com uma mulher da vida à espreita naquelas janelas. Sem exageros. Eram os costumes da época.

Nesse período foi entregue pela comissão de obras da vila, o prédio onde funcionou a Câmara Municipal e a cadeia. O que sobrou desses prédios foi um quadro de pintura, cuja arte é o símbolo de Ituverava do século XIX . Hoje esta obra encontra-se no Museu Histórico.

A população era pobre. Muito fácil de se provar. Apenas 21 pessoas, pela lei em vigor da época podiam votar e, escolher seus representantes. O cidadão para exercer o seu direito de cidadania tinha que ter uma renda igual ou superior a 200$000. Conclui-se apenas, os coronéis do café e alguns funcionários das esferas estadual e municipal podiam escolher seus representantes na Câmara.

O analfabetismo era gritante. Calcula-se que no ano da libertação dos escravos, - na cidade eram em 230 -, havia mais 500 jovens até 15 anos sem saber ler e escrever. Quase a totalidade da população dessa faixa de idade.

As condições de higiene eram precárias. Qualquer doença virava epidemia. A varíola em 1.888 generalizou com vulnerabilidade e rapidez, causando muitas mortes.

Esse era o quadro da nossa vila antes de chegar a luz.

Porém, em 1896, foi assinado um contrato de iluminação pública que contou com a participação do Cel. Augusto Simpliciano Sandoval. Eram trinta lampiões para iluminar a pequena vila. As fracas luzes originavam de mechas

embebidas em querosene.

Os bons ventos do progresso levaram os coronéis a uma grande empreitada ao construírem uma represa de usina elétrica, um pouco acima da cachoeira Salto Belo e o prédio da força ficou abaixo da queda d’água, onde hoje é o Palácio das Águas.

Em 1910, os coronéis venderam a usina para a Câmara Municipal. Foram oito anos de domínio público ituveravense, pois em 1918 foi novamente vendida, na ocasião, para a empresa Força-Luz de Ribeirão Preto. Logo a seguir a Companhia Paulista de Força e Luz, portanto, ficou com as ações e, até hoje, é a responsável pelos serviços do fornecimento de energia elétrica a cidade.

Ainda existe o concreto que formava a represa da Usina Elétrica de Ituverava, a alguns metros acima da cachoeira; foi o que sobrou dos primeiros tempos de cem anos de iluminação pública.

Ainda, porém, no tempo da Empresa de Força e Luz de Ribeirão Preto a usina de Ituverava deixou de servir energia à população. O fornecimento ficou por conta do rio Sapucaí em São Joaquim da Barra. São fatos históricos que devem ser rememorados.

Com a desativação da empresa de luz e eletricidade da cidade, o prédio da usina ficou abandonado em estado deplorável que, hoje nem mais existe como prova do nosso mais precário espírito de conservação.

Entretanto, enquanto existiu, ainda no início do século, muitas lendas povoaram a imaginação das pessoas com aquele prédio jogado às moscas em meio ao matagal, próximo a cachoeira Salto Belo.

Algumas das lendas que surgiram eram vaporosas. Mas uma percorreu os anos na crença inocente do povo, sempre existiam aqueles que acreditavam que naquele prédio quase em ruínas existia um baú cheio de ouro e pedras brilhantes.

Conta a tradição que entre os folguedos e o silêncio de uma noite, a cidade estremeceu em pânico com um pesado barulho. Um rapaz conhecido como Turquinho explodiu com dinamites o prédio da ex-empresa de eletricidade de Ituverava, na esperança e na ânsia de encontrar o velho baú, nem mesmo com o embate, o riquíssimo pote deu sinal das graças.

A explosão foi tão forte que muitos acreditavam ser um terremoto. A pequena cidade da época, naquele momento, ficou com todas as luzes acesas e ninguém sabia o que estava acontecendo.

Quando as mulheres não iam aos bares


Houve um tempo que as mulheres não iam aos bares. Bar era coisa de homem... Ou se elas iam era no máximo para ficar até as 22 horas. Elas não bebiam álcool. Tomavam apenas sorvete ou refrigerante. Isso por volta de uns 30 anos atrás.

Nem mesmo as “mulheres da vida” freqüentavam os bares da cidade. Elas tinham os seus próprios bares, os seus próprios botecos em casas de zona do meretrício. Eram os homens é que tinham que ir até lá. Porque lá é que as mulheres de Zona ganhavam o seu dinheiro.

E, assim, os bares da cidade, aquele tempo era lugar de homens, á medida que as horas iam avançando a moçada ia chegando.Iam chegando porque o footing da Praça X de Março havia acabado. As namoradas já estavam entregues em casa. Eles prometiam a elas que iam direitinho para casa. Naquele tempo não tinha celular, telefones fixos raros, qualquer mentira tinha perna longa. Eles, na verdade, iam para os bares.

A moçada ia chegando. Um chegava com um violão. Um outro com uma gaita o outro que chegava de carro já avisava que a vitrola á pilha com os discos de vinil, ou fita K-7 estavam á espera. E nessa não era nem meia – noite. E olha que hoje em dia muita gente sai á meia noite! Aliás, a última festa que aconteceu na cidade (a da fantasia) começou ás 1:30 da madrugada.

Os amigos unidos na mesa de um bar bebiam e cantavam. Lá pelas 2 horas da madrugada o bar fechava e a festa continuava nos bancos da praça, violão e sonata tocada “a pilha”. Numa outra noite havia outra escolha: fazer serenatas. Os jovens percorriam as ruas da cidade, de janela em janela. Subia – se nos muros e lá das alturas do muro tocava – se com harmonia e depois de um certo tempo a luz do quarto da moça era acesa, e em seguida apagada, depois novamente acesa. Era sinal que a jovem amada estava acompanhando as músicas da seresta.

De vez em quando havia algum pai bravo. Abria a porta da casa e expulsava os moços do alpendre, ou do muro, ou do pé da janela do quarto da moça. Porém, do outro lado acontecia o contrário, havia pais que convidavam os moços para entrarem e continuar a serenata na sala . A mãe servia alguma bebida acompanhada de bolachas e na despedida sempre á mesma música “Ronda” de Caetano Veloso e os versos românticos de Vinícius de Moraes.

Antes das quatro da manhã os moços já estávam em casa, com o espírito confortado, ao contrário de hoje em que as festas duram até 7 horas da manhã ou quando em quando, vemos as festas Rave que duram mais doze horas ou 24 horas, instigando a bebedeira infindável.

No dia seguinte, domingo á tarde nos bancos do jardim os comentários maiores eram as proezas dos jovens pelas serenatas; ou nos bailes da Associação Atlética Ituveravense.

Hoje, vemos que a serenata é coisa do passado. Não tem como os jovens fazerem serenatas, porque elas saem muito tarde de casa e muitas voltam para casa quando os passarinhos começam a cantar. Elas levam o mesmo tipo de vida dos homens. Elas lutaram para isso. Foi para isso que elas lutaram. Uma prova dessa igualdade, são as lanchonetes que nos dias de sábado vendem mais lanches a partir das 4 horas da madrugada. E as mesas estão de igual para igual com os homens.

Enfim, vemos que os jovens vivem a vida de hoje sem limites. Quando não é uma festa na cidade, é no rancho, é na área de lazer, é na chácara, ou sítio. Lugares que as autoridades não têm acesso; e sabe-se o que passa por lá?!... Eu não sei. Você também não!!! Às vezes 7 ou 9 meses depois sabe-se o que passou...

Serenata é uma palavra que vem de palavra serenar, sereno é o que era os tempos longínquos. Tudo era sereno, havia a paciência. A paciência para esperar o único baile que acontecia no mês, a paciência para juntar dinheiro e comprar a roupa sem ficar devendo. Não havia o descartável como hoje. Hoje, tudo é descartável; A namorada, a mulher, o homem, a geladeira, a televisão, as festas. Tudo está cosificado. Até as pessoas tornaram-se coisas. Hoje são tantas festas, que nem uma vai ficar para a lembrança porque elas são descartáveis como os nossos dias atuais.

No tempo que os Padeiros deixam o Leite e o Pão nas Janelas.



Houve tempo que as ruas de Ituverava eram todas de paralelepípedos e , hoje , esses tipos de ruas estão todas aí. E todas as ruas de paralelepípedos somadas dão. o verdadeiro tamanho da nossa cidade até o final da década 1960. Por isso essas ruas são históricas. É lógico que havia as ruas de chão batido que foi formavam alguns bairros como a Vila São Jorge , a Vila Beatriz , o Largo Velho.

Pois bem, nesse tempo havia algo diferente. As padarias entregavam o pão em casa. Todas as panificadoras tinham suas charretes e na parte traseira havia uma espécie de caixa onde os pães eram guardados.

Assim que dava 5 horas da manhã é como se ouvíssemos o tropel de cavalos puxando as charretes.Ouvíamos o falar baixo do condutor do carro de animais, falando ao cavalo. – Oooopa! Era o comando das fala ligado ao comando das mãos que puxava o breque.e alertava o animal. E a charrete parava.

Ouvíamos o barulho do salto ao chão do entregador de pães. Em seguida também ouvíamos o barulho da portinhola da caixa de pães. O homem tirava um, dois, três, quatro até mais pães bengalas e os ia distribuindo nas casas daquela rua.

Ele entrava nas casas, Era um convidado especial. Ouvíamos o barulho do abre e fecha dos portões de cada casa. Passado alguns instantes, ouvíamos o barulho do carroceiro voltando para conduzir novamente o animal e mais uma vez ouvíamos o estalar dos arreios. Ele seguia o seu trabalho e o cavalo com o ploc – ploc de seus cascos.

Algumas casas também recebiam o leite e os donos das casas deixavam um litro cilíndrico de vidro vazio. O carroceiro trocava – o por um cheio e na janela ficava o leite e os pães.

Quando as donas de casa levantavam só faltava colocar a toalha á mesa com a manteiga. O pão estava quentinho. O leite era fervido. Tomado com café passado na hora. Naquele tempo dos achocolatados só existia o famoso toddy.

As casas naqueles tempos não tinham muros na frente. Eram de grades e muros baixos. Não é como hoje que as casas parecem verdadeiras fortalezas com muros altos e cerca elétrica.

E o curioso é que não se ouvia queixas de roubos de pães e leites. “O pão e o leite ficavam por pelo menos uma hora nas janelas e ninguém os roubava”. Enquanto isso, também ouvíamos a passagem de caminhões de pau-de-arara, ou melhor dizendo, os caminhões que transportavam os trabalhadores rurais, iam para as roças, todos empeluncados na carrocerias sem nenhuma proteção, á frente iam os fazendeiros com suas caminhonetes marca ford.

Quando o sol aparecia por detrás da cachoeira Salto Belo, em pleno verão, a luz ardente alumiava a garotada que ia para as escolas, os trabalhadores das inúmeras cerealistas existentes na cidade, pedalando suas bicicletas e iam para o trabalho.

Era o tempo que não existiam drogas. Era o tempo que não havia parafernália eletrônica de hoje. Era o tempo da TV em preto e branco, que poucos a possuíam; era o tempo do fogão de quatro bocas, quando não o possuíam havia os fogões de lenhas. E todas eram mais felizes.