sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Maior lenda: Quem bebe da água do rio do Carmo, um dia volta...





O rio do Carmo e a cachoeira Salto Belo ganharam grande admiração desde os tempos da fundação da cidade, ou do arraial. Em todos os tempos tivemos poetas, escritores que descrevem essas belezas naturais da cidade. Mário Barbosa é bem possível que foi o primeiro; pois, nascera em 1902, e no final do curso de sua vida, um dia escreveu:


“Fico, ás vezes, pensando na marcha do tempo, quando as minhas reflexões regressam ao passado. A cachoeira do Carmo, no seu cascatear rotineiro, passava desapercebida ao ouvido do transeunte da cidade, alheio áquela sinfonia ininterrupta.Todas ás vezes que posso, vou vê – la , vou ouvi – la, vou senti-la.Carinhosamente delícia que é para as minhas pupilas e para o meu sentimentalismo. A mim parece que ela fala nos borrifos de sua água : Vila do Carmo! Vila do Carmo ! rio do Carmo! Voltei, pois, eu gosto de você!”.


Mário Barbosa era apaixonado pelo jornalismo, mas a cidade naquele tempo não comportava um profissional da área, e foi – se ainda jovem para São Paulo, muitos anos depois ele voltou, e escreveu esse simples poema publicado no jornal “A Cidade”.


Um dia bebeu da água do rio do Carmo, um dia foi – se embora, um dia voltou, e começou a fazer da Lenda uma verdade: ”Quem bebe da água do Rio do Carmo um dia volta”. E Mário voltou para Ituverava.


Em outro poema datado de 1945 , publicado no rascunho do livro Moacir França, Os Patronos de rua, - que só eu tenho o privilégio de possuí – lo, - a escritora Adriana de Freitas faz outra exaltação ao rio do Carmo e também á cachoeira Salto Belo.


“O rio do Carmo vai destemido, procurar outras terras e outras ilusões, a beleza da cascata branca que domina a paisagem e longe se avista... Salto Belo! Ituverava! A famosa cabocla do sertão paulista! Como o rio do Carmo, fui para outras terras atrás de ilusões. Hoje, voltei, para matar as saudades “, escreveu Adriana.


O professor Manuel Lázaro Pereira também foi – se daqui, ainda jovem. Foi para a paulicéia desvairada. Um dia retornou já homem maduro e escreveu em 1973.


“Salto Brilhante, Ituverava, és o teu nome... És vida, eterna vida, do povo que saúda hoje emocionado. Hoje, sou eu que te saúdo.Ontem gerações te saudaram no curso de tuas águas... Amanhã, á luz de tuas aurora, outros te saudarão o porvir com a vida, que é eterna, porque é a Cidade nas gerações que há de eternizar. És a um tempo saudade e presença, ponto de atração de sublimação do ituveravense ausente que jamais te esquece, És o imã do amor, o liame entre o presente e o passado.Tudo se transforma, tu não; será sempre Salto Brilhante , Ituverava , a eterna”.


Das coisas que haveriam de vir, e, se não fosse a saudade do ituveravense ausente, o nosso poeta e compositor Vitor Martins eternizado na Praça x De Março, ao lado de seu interprete maior, Ivan Lins, não escreveria a letra da musica “Minha Ituverava “, em 1977 , por onde as águas de suas infância são lembradas , e cantada no Brasil todo e, também em muitos países:


“Minha Ituverava


Sou o mesmo rapaz


Bebi da Cachoeira


Tenho sede e quero mais.


Minha Ituverava”.


A lenda das águas do rio do Carmo parece tornar realidade num poema do poeta Valdemar Rosa da Silva. Ele que morou bem próximo á cachoeira Salto Belo, numa casinha simples. Já homem, mudou – se para São Paulo, onde morou na Vila Carrão, e em 1997 publicou um livrinho, Fênix, e no poema “Voltei”, está a sua exaltação pelo rio e à cachoeira:


“Minha velha cidade de antigamente


há quase meio século te abandonei


como a minha alma ficou contente


quando disse : - Ituverava , eu voltei!


Fizeram de tudo pra não mais te ver


Nem Cantar tuas belezas que amo tanto,


Nem ouvir a cascata brilhante, dizer


Um avioso, sublime e doce acalanto”.


O poema diz tudo e confirma que a lenda “Quem bebe da água do rio do Carmo, um dia volta”, é dotada de uma magia indescritível. E o que seria a definição de uma lenda? Dizem os sábios: ”A verdade disfarçada”.É tão verdadeira que Ituverava teve o privilégio de ter um rio exclusivo para ela.Talvez, o único município com um rio exclusivo, o único serpenteado pelas mesmas águas.



Nel Manuel



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