domingo, 24 de janeiro de 2016

A difícil missão dos professores

A difícil missão dos professores



 Venho de uma carreira de professor que pode ser dividida em três etapas, a primeira entre 1986/87 quando lecionei História na escola particular Marechal Rondon de Mogi das Cruzes/SP, por ser formado em Economia e ter muitas matérias no histórico escolar relacionadas à História; depois, voltei a lecionar entre 1994 a 97  em Ituverava,  lecionei nas Escolas Estaduais Rosa de Lima e Justino, matérias como História e Matemática, esta matéria muito estudada no curso de Economia, por isso garanti o direito de leciona-la; e por último, depois de cursar Letras na FFCL, passei a lecionar Português desde  2010, contando com as aulas de estágio.
Toda essa evolução profissional e os acontecimentos das ocupações das escolas pelos alunos da rede pública me fez pensar e refletir sobre o comportamento dos alunos, pelo menos do ensino público do 2º grau, onde já atuei em escolas de Ituverava e Aramina, percebo que parte dos alunos a cada ano, a cada década está sem aquela educação básica de bons costumes e princípios, que no passado aprendíamos em casa. Uma parte deles trata o professor não como um trabalhador, mas sim como uma coisa qualquer, um fantoche que está ali na frente da sala de aula, apenas para pajeá-los, e não para ensiná-los.. A escola tem as normas, impõe as normas, mas para alguns alunos  o que interessa é chegar  até as últimas consequências com as suas indisciplinas, receber suspensão para muitos dá a entender que é uma satisfação, muitos ostentam como um mérito, um troféu.
 Infelizmente, tiraram do professor o seu maior instrumento, a autoridade dentro da sala de aula. Enfim, a ação do professor está limitada pelas atuais diretrizes e normas pedagógicas; se o aluno não aprende, a culpa é do professor; se o aluno faz bagunça é o professor que não sabe conduzir a sala, que, hoje se transformou num verdadeiro campo de batalha, o aluno desordeiro, indisciplinado é visto apenas como um ser oriundo de famílias desajustadas, mas esse desajustamento de comportamento é o professor tem que aquentar. Esses pedagogos que lançam essas diretrizes e normas aos níveis estadual e federal têm que entender, existe  uma previsão feita por especialistas, de que até 2028 não haverá mais professores, esta é uma matéria publicada pela Revista Época de uma das semanas de  Outubro do  ano passado, a matéria relata ainda que a  partir de 2020 começará avalanche de aposentadorias e, por outro lado o número de formandos vem decrescendo, e o pior nem todo formado em licenciatura quer de fato dar aulas. Muitos concluem os cursos para prestarem concursos em outras áreas. Desde o ano de 2005 os cursos de licenciaturas registram diminuição na procura pelos vestibulandos, essa queda já está na casa exponencial. O MEC  (Ministério da Educação e Cultura) para amenizar a situação autorizou muitos cursos particulares a diminuírem a grade horária do histórico escolar para a formação de professores de 4 anos para 3 anos;  porém, as escolas das universidades públicas continuam com a grade de 4 a 5 anos para a formação de professores.
O  comportamento devastador desses alunos, que representa 30% de cada sala de aula, as novas diretrizes pedagógicas e a má remuneração salarial, acredito que são “as chagas” responsáveis pela exoneração de 5 professores por dia da rede pública  do Estado e da saída de 1,5 milhões de estudantes que migraram para a rede particular nos últimos 10 anos. Deu na Folha de São Paulo no início de dezembro do ano passado, que o Estado de São Paulo por ser o maior arrecadador de impostos em ampla vantagem em relação aos outros estados, e pelos resultados apresentados dos alunos das Escolas Públicas em várias análises, pode ser considerado o pior ensino da nação. Pois bem, acredito que os pedagogos que criaram  essas diretrizes e normas que limitaram as ações dos professores no âmbito da disciplina da sala de aula e, influenciam os parlamentares para elaboração de leis, precisam repensar o que estão fazendo com a educação.       
Contudo, entendo que muitos alunos, aqueles alunos esforçados, que fazem as lições de sala e de casa, fazem os trabalhos e pesquisas de casa,  alunos que leem os livros solicitados, são os que pensam e sabem que a escola é o elo de ligação principal para um futuro melhor das pessoas e da sociedade. Esses alunos são os que animam muitos professores a continuarem na batalha.





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