segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

                                     Todos os Carnavais de Ituverava


                   

   A festa carnavalesca da Roma dos Césares com suas apologias ao deus do vinho: Baco!... era comemorado em 25 de dezembro , natal, até 06 de janeiro, dia de reis. Ao chegar ao Brasil, já obedecia ao calendário atual,ou seja,a Igreja Católica passou a marcar os festejos sete domingos antes da Páscoa , dia em que comemoramos a ressurreição de Jesus Cristo.
   No início da nossa colonização, o Carnaval era comemorado com batalhas de ovos e líquidos em geral .Mais tarde, passou a ser usado como forma de ciladas aos políticos , pelo uso da fantasia, daí surgiram o Pierrô e a Colombina , que são sedutoras fantasias introduzidas no Brasil pela corte de Portugal. Da Espanha vieram confetes e as serpentes.
   No final da campanha abolicionista, os negros começaram a participar do carnaval, executando seus rituais, principalmente dedicados á nossa Senhora do Rosário, originando o cordão, que são rodas dos foliões puxados pelos instrumentos de percussão: tambor, e tamborim, reco – reco e cuíca.
   Os negros acreditavam no poder sobrenatural das flores, plantas e animais. Portanto, davam nomes aos cordões, baseado na flora e fauna africana, lembrando a coroação dos reis africanos.
  A partir dos cordões surgiram os ranchos já incorporados pelos foliões, também os cavaquinhos, flautas e clarinetes, surgindo aí o porta – estandarte e o samba – enredo. A capoeira já emprestava seus passos aos sambistas.
   Ainda no início do século XX surgiu o lança – perfume, em substituição ao limão de cheiro, que mais tarde passou a ser considerado tóxico e foi proibido em 1965 pelo então da Presidente da República Marechal Castelo Branco.
   Do início daquele século para cá surgiram vários compositores: Pixinguinha, Lamartine Babo, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Ari Barroso, Ismael Silva, Carlos Cachaça, Cartola, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e outros.
   Aqui em Ituverava, antes de 1940, os festejos atingiram proporções formidáveis e a cidade toda, de ponta a ponta, era invadida por alegres carnavalescos. O povo enchia literalmente a Praça X de Março, que transbordava, e a Avenida General Glicério (atual Dr. Soares), durante o dia e á noite recebia os festejos. Cordões e blocos ficaram famosos por aqui, na década de 1930: Antártica, Tirolezas, Bolhas de Sabão, Bambas.O antigo Teatro Santa Cecília, demolido em 1946 serviu de palco da elite carnavalescas dos anos de 1920/30 e 40
   O carnaval brasileiro não ficou somente no ribombar dos tambores. Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu... Assim diz a letra de Caetano Veloso, numa alusão ao primeiro trio – elétrico baiano, de Armandinho, Dodô e Osmar, que surgiu no final da década de 1950.
  Já na nossa Ituverava, o primeiro trio – elétrico foi organizado e apresentado por Renato Chaibub, o Tim, e ficou conhecido como “Tim – Elétrico”. Com muito sucesso se apresentou de 1982 até o final daquela década, dividindo as apresentações de rua, com os passistas da Escola de Samba Princesa Isabel.
  Entrando nas décadas de 1960/70, havia o famoso bloco Maria Geriza, por onde os rapazes travestidos de mulheres davam suas graças á avenida; enquanto os salões da Princesa Isabel, Liga Operária e Associação Atlética Ituveravense (AAI) dividiam a preferência dos foliões.
  “Acorda Maria Bonita” e a “Estrela Dalva” era as letras que transmitiam a beleza e a ingenuidade que combinavam com as decorações simples da AAI. Apenas algumas figuras de Pierrô e Colombina, Arlequim e Palhaços eram colocados nas paredes do clube, combinando com as serpentinas entrelaçadas pelo salão.Na época , a banda de todos os anos, “A Furiosa”,de Nelson Cordaro, este animou muitos anos os bailes do clube mais tradicional da cidade.
  “A Estrela Dalva”, ”Ui... Ui... Roubaram à mulher do Rui”, “Meu Coração é Corinthiano”, ”Roubaram minha cueca para fazer pano de prato”, ”Menina você é um doce de coco”, ”Desfolhei a Margarida” eram as preferidas e os foliões dançavam em forma de liquidificador, em infindáveis voltas ao redor do salão.
   Em 1977/78 o então prefeito José Aureliano Coimbra organizou um desfile de escolas de samba com oito agremiações, dando prêmios aos primeiros colocados.
   Em 1979 o salão da AAI estava lotado, ocasião em que houve uma briga generalizada quando o Delegado Dr.Antônio, o Tonhão, deu ordens para terminar mais cedo o Carnaval. Para evitar problemas se repetisse em 1980 o salão foi ampliado, configurando – se com as dimensões de hoje.
   A partir dos anos 80 os ritmos baianos e os pernambucanos tomaram conta: Caetano Veloso, Morais Moreira, Alceu Valença, Gal Costa e Gilberto Gil. Em 1981, a música “Lança-Perfume” de Rita Lee fez muito sucesso, entretanto, trouxe de volta o famoso “Cheirinho de Loló”, versão nova do limão de cheiro.
  Em 1984 sambódromo do Rio de Janeiro foi inaugurado, os blocos do Nordeste profissionalizaram – se, com isso o carnaval tomou um novo impulso de cores.
  Em 1991, a AAI inaugurou um estilo novo de decoração, cujo salão recebeu nova decoração, abrangendo rodas as cores. O primeiro tema foi em apologia á “Guerra do Golfo Pérsico”, com figuras hostilizando o atual presidente do Iraque, Sadan Hussein, que entrou em guerra com os Estados Unidos.
  O segundo ano de decoração as Olimpíadas de Barcelona, onde o nadador e campeão ituveravense ganhou sua primeira medalha olímpica. Esse estilo de decoração se manteve até 1997.
  No primeiro ano de seu segundo mandato, o prefeito Lúcio Adalberto Lima Machado inaugurou o carnaval de rua para milhares de foliões, em palco gigante, para uma área de três mil metros quadrados, na av.Orestes Quércia. Foram quatro anos consecutivos, chegando noites com 10 mil foliões. Neste período,o salão da AAI praticamente inexistiu ,porque o público não arredou o pé daquela via, que atraiu gente de toda a região. Esses carnavais foram até o ano 2000.
    Nos cinco primeiros anos do século XXI o carnaval voltou para o salão da AAI, sendo que em 2002/3 o salão recebeu três mil pessoas por noite 
  Na Era da administração Mário Matsubara um carnaval foi realizado no Recinto da Festa do Peão, isso em 2006; mas depois passou a ser realizado na Praça da Alimentação.

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