terça-feira, 26 de julho de 2011

A Saga Senhorinha


O sul do Mato Grosso em 1829 e nos primeiros anos da década de 1830, estavam praticamente despovoado conta o historiador Caio Prado Júnior, ex – professor da Universidade de São Paulo. “Os primeiros colonizadores do Estado foram gente de Franca e Carmo da Franca” , escreveu o escritor. Carmo da Franca é o nome antigo de Ituverava.

Por essa razão vivemos os primeiros 50 anos de nossa colonização com a economia estagnada. Muitos jovens que aqui nasciam não satisfeitos com a situação seguiam para Goiás a procura de terras férteis.

Mais dois historiadores se ocuparam dos estudos de nossa região e a colonização de Goiás e Mato Grosso. Nelson Werneck Sodré, em seu livro “Oeste” e Aluísio de Almeida em “O Grande Sertão de Mato Grosso”.

E dos bandeirantes nascidos no Carmo da Franca, que participaram da ocupação e exploração das terras do oeste brasileiro, estão os senhores José Antônio Tosta, Sabino Garcia Leite e os irmãos Inácio, Antonio e Francisco, que, assinavam o sobrenome Gonçalves Barbosa.

Ao total foram 17 pessoas da nossa terrinha que seguiram rumo ao sertão mato-grossense a fim de conquistarem fazendas.

“A família Barbosa” foi o que mais conquistaram terras. Foram tantas fazendas que em Mato Grosso passaram a ser conhecido por “Barbosa” de cima da serra e “Barbosa” debaixo da serra, na região do Amambaí, próximo ao Paraguai. Esta família mais tarde participaria da guerra do Paraguai.

Inácio, casado com Dona Antonia Isabel Marques, teve 17 filhos, dois dos quais morreram na guerra do Paraguai e sete fundaram fazendas por lá. Seu irmão Antonio deixou 10 filhos, dos quais, cinco, também, se afazendaram pelas terras do centro oeste. Um filho foi morto pelos índios Caiuá, e Dona Senhorinha Gonçalves Barbosa casou – se em Segunda núpcias com seu cunhado José Francisco Lopes, que mais tarde se celebrizou na batalha conhecida como Retirada da Laguna por ter levado os soldados do coronel Camisão até a sua fazenda do lado Brasil.

Esta Dona Senhorinha teve uma vida atribulada. Acompanhando o primeiro marido Gabriel Francisco Lopes, foi abrir fazenda num lugar que encontraram os paraguaios, em 1847. Tinham que lutar, constantemente, contra índios e os paraguaios, que consideravam a fronteira como terras paraguaias. Um ano passaram nesta situação de insegurança, até que Gabriel foi assassinado por dois escravos.

Uma patrulha paraguaia, que andava a sua procura, chegou a desenterrar - lhe o corpo, para certificar – se de sua morte. Não podendo prender o seu marido já morto, os paraguaios levaram Dona Senhorinha, só libertada por intervenção diplomacia brasileira.

Mais tarde em plena guerra do Paraguai, seu segundo marido viveria os transes da Retirada da Laguna e ela (Dona Senhorinha) seria presa novamente.

Nesta expansão para Mato Grosso está cheia de lances épicos: naufrágios no Urubupunga.ataques de índios, mortes de crianças , doenças , partos a céu aberto, secas trágicas e outras adversidades que relata o historiados Aluiso de Almeida.

A fama de Dona Senhorinha foi longe pela sua astúcia no sertão Mato – Grossense, pois muitas vezes enfrentou índios e os paraguaios para se defender e também os interesses do Brasil na fronteira com aquele país. A atuação dos ituveravenses e francanos ajudaram a fundar cidades como Campo Grande, Niaoque, Entre Rios, Aquidauana, Coxim. O célebre Marechal Rondom a encontrou já muito velha em fevereiro de 1905, ainda, vivendo na Fazenda Jardim, dando – nos o seu retrato : “Tipo de Mulher do campo,gorda , baixa, vivo olhos azuis, gostava muito de conversar e de tudo se lembrava.

Esta é a história de uma mulher filha de família ituveravense que escreveu uma bela página da história de Ituverava, Franca e do Brasil.

Fundamentado em livros de Geraldo Evangelista( ex-diretor da FFCL de Ituverava) e Moacir França

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