Série: Os Cinemas de Ituverava
Cine Teatro Santa Cecília da era do cinema “mudo”
Nas duas últimas edições escrevemos sobre a
sétima arte em
Ituverava. Na edição de abril destacamos a manchete “O Cine
Regina coincidiu com o “Cinema Novo”, e na edição de maio : “O Cine Rosário, da
época da Atlântida à Vera Cruz”.O Cine Regina funcionou entre 1957 a 82, o Cine Rosário de
1938 a
82, e bem antes o Cine Teatro Santa Cecília iniciou as atividades em 1926 até encerrar
por volta de 1945, no mesmo local onde, hoje está a sede da Associação Atlética
Ituveravense.
Os cines Rosário
e o Regina tivemos a oportunidade de conhecê – los. Já o Cine Teatro Santa
Cecília construído pelo Cônego Vito Fabiani, depois propriedade de Dionizio da
Fonseca, é uma data muito longínqua, assim, é mister aproveitar a crônica do
Dr.Gibrahyl Miguel, médico Ituveravense que exerceu a profissão em Anápolis –
Go , publicada no jornal A Tribuna de
Ituverava na seção Memória Viva
Idealizada pelo historiador Moacir França.
“O Cine Santa
Cecília, propriedade do Dionízio da Fonseca é parte preponderante da história
de Ituverava, digna de ser mencionada. No tempo do cinema mudo, antes e durante
a exibição, um conjunto musical animava e alegrava os freqüentadores, tocando
as mais belas valsas da época, como “Mimi”; ”Retalhos d’alma” ,”Branca”,”Eu
sonhei que tu estavas tão linda”, e tantas outras”.
Dr.Gibrayl não
menciona em seu texto, mas lemos nos Livros de Moacir França que uma das bandas
que tocava no Santa Cecília era a orquestra Jazz Band dirigida pelo maestro
Clínio Júlio Dépiro.
E, continua a
crônica de Gibrayl
“Havia um intervalo
durante a exibição para que o proprietário faturasse um pouco mais. Era vendido
bolos, doces e sucos.
O Santa Cecília
tinha contrato exclusivo com a distribuidora Metro, companhia responsável pelos
mais lindos filmes já exibidos em todas as épocas, o problema de então, é que
as fitas arrebentavam paralisando as exibições e muitas vaias aconteciam, como
também a platéia cobrava mais diversidades de músicas das orquestras, durante a exibição dos
filmes, se houvesse muita repetição, a vaia era sonora, portanto as orquestras
tinham que ir bem ensaiadas e com repertório para duas horas “
Mais uma vez
interrompemos as citações de Gibrayl para fazermos menções da passagem do
cinema mudo para o cinema sonoro. Trazer o som para á “Sétima Arte” foi um
sonho antigo, que vem desde os tempos dos irmãos Lumiére, os inventores da arte
cinematográfica em França.
O cinema é filha
direta da fotografia. Se entre 1890 e 1896, mais precisamente em 1885 os irmãos
Lumiére resolveram de vez as questões das projeções, no entanto, um pouco antes
o astrônomo francês Hervé Faye propôs o cromofotografia, ou seja, a fixação
fotográfica de várias fases de um movimento e as experiências foram se sucedendo até chegar ao cinema em movimento
, daí em seguida o desejo em obter o filme sonoro.
Charles Chaplin,
símbolo do cinema mudo, foi um dos mais ferrenhos inimigos da palavra na tela
de projeção, concomitantemente á sua carreira, viu surgir o cinema sonoro,
isto, em 1910. Neste ano valeram às primeiras experiências práticas do som, até
que em 1917 pelos norte – americanos Theodore Case e Sponable permitiu-se a
amplificação do som. O problema maior foi o atraso tecnológico dos países,
incluindo o Brasil, que não tinha aparelhos e técnicas para assimilar o som na
tela. Foi á época em que
Hollywood expandiu e impôs a sua produção. (1)
O filme sonoro foi
chegando aos poucos no Brasil e a Ituverava, Gibrayl elenca os filmes de
sucesso na tela do Santa Cecília “Nós e
o Destino”, “A Esquina do Pecado”, ambas com a dupla romântica – John Bales e
Irene Dune; “O Condenado” com Ronald Coliman “Expressa de Berlim, com Clive
Brook e Marlene Detrick A Redimida com Freederck Mark”
Vemos que a arte do cinema relaciona muita
coisa com o mundo, desde a própria tela de projeção, do prédio até as mais
curiosas histórias do mundo.
(1) Delta Larrouse
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