A
difícil missão dos professores
Venho de uma carreira de
professor que pode ser dividida em três etapas, a primeira entre 1986/87 quando
lecionei História na escola particular Marechal Rondon de Mogi das Cruzes/SP,
por ser formado em Economia e ter muitas matérias no histórico escolar
relacionadas à História; depois, voltei a lecionar entre 1994 a 97 em Ituverava,
lecionei nas Escolas Estaduais Rosa de Lima e Justino, matérias como
História e Matemática, esta matéria muito estudada no curso de Economia, por
isso garanti o direito de leciona-la; e por último, depois de cursar Letras na
FFCL, passei a lecionar Português desde
2010, contando com as aulas de estágio.
Toda
essa evolução profissional e os acontecimentos das ocupações das escolas pelos
alunos da rede pública me fez pensar e refletir sobre o comportamento dos
alunos, pelo menos do ensino público do 2º grau, onde já atuei em escolas de
Ituverava e Aramina, percebo que parte dos alunos a cada ano, a cada década está
sem aquela educação básica de bons costumes e princípios, que no passado
aprendíamos em casa. Uma parte deles trata o professor não como um trabalhador,
mas sim como uma coisa qualquer, um fantoche que está ali na frente da sala de
aula, apenas para pajeá-los, e não para ensiná-los.. A escola tem as normas,
impõe as normas, mas para alguns alunos o
que interessa é chegar até as últimas consequências
com as suas indisciplinas, receber suspensão para muitos dá a entender que é uma
satisfação, muitos ostentam como um mérito, um troféu.
Infelizmente, tiraram do professor o seu maior
instrumento, a autoridade dentro da sala de aula. Enfim, a ação do professor
está limitada pelas atuais diretrizes e normas pedagógicas; se o aluno não
aprende, a culpa é do professor; se o aluno faz bagunça é o professor que não
sabe conduzir a sala, que, hoje se transformou num verdadeiro campo de batalha,
o aluno desordeiro, indisciplinado é visto apenas como um ser oriundo de
famílias desajustadas, mas esse desajustamento de comportamento é o professor
tem que aquentar. Esses pedagogos que lançam essas diretrizes e normas aos
níveis estadual e federal têm que entender, existe uma previsão feita por especialistas, de que
até 2028 não haverá mais professores, esta é uma matéria publicada pela Revista
Época de uma das semanas de Outubro do ano passado, a matéria relata ainda que a partir de 2020 começará avalanche de
aposentadorias e, por outro lado o número de formandos vem decrescendo, e o
pior nem todo formado em licenciatura quer de fato dar aulas. Muitos concluem
os cursos para prestarem concursos em outras áreas. Desde o ano de 2005 os
cursos de licenciaturas registram diminuição na procura pelos vestibulandos,
essa queda já está na casa exponencial. O MEC (Ministério da Educação e Cultura) para
amenizar a situação autorizou muitos cursos particulares a diminuírem a grade
horária do histórico escolar para a formação de professores de 4 anos para 3
anos; porém, as escolas das
universidades públicas continuam com a grade de 4 a 5 anos para a formação de professores.
O comportamento devastador desses alunos, que
representa 30% de cada sala de aula, as novas diretrizes pedagógicas e a má
remuneração salarial, acredito que são “as chagas” responsáveis pela exoneração
de 5 professores por dia da rede pública do Estado e da saída de 1,5 milhões de
estudantes que migraram para a rede particular nos últimos 10 anos. Deu na
Folha de São Paulo no início de dezembro do ano passado, que o Estado de São
Paulo por ser o maior arrecadador de impostos em ampla vantagem em relação aos
outros estados, e pelos resultados apresentados dos alunos das Escolas Públicas
em várias análises, pode ser considerado o pior ensino da nação. Pois bem, acredito
que os pedagogos que criaram essas
diretrizes e normas que limitaram as ações dos professores no âmbito da
disciplina da sala de aula e, influenciam os parlamentares para elaboração de
leis, precisam repensar o que estão fazendo com a educação.
Contudo,
entendo que muitos alunos, aqueles alunos esforçados, que fazem as lições de
sala e de casa, fazem os trabalhos e pesquisas de casa, alunos que leem os livros solicitados, são os
que pensam e sabem que a escola é o elo de ligação principal para um futuro
melhor das pessoas e da sociedade. Esses alunos são os que animam muitos
professores a continuarem na batalha.
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